por leonardo santos | ago 25, 2025 | Dicas, Educação
Modelo remoto possibilita maior flexibilidade, mas foco é indispensável para um resultado de excelência
Estudar a distância deixou de ser uma particularidade e se tornou algo comum. Se antes havia preconceito com a modalidade, a pandemia a transformou na única maneira viável de estudo por certo tempo, e seguiu em alta mesmo depois. Mas apesar das vantagens, manter o foco no EaD exige disciplina extra e hábitos que vão além dos já exigidos no presencial.
Os números mais recentes divulgados pelo Semesp – entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil – mostram que as matrículas no ensino remoto dispararam 326% no período entre 2013 e 2023, enquanto a modalidade presencial teve uma queda de 29,1%. Ao todo são quase 5 milhões de estudantes de EaD em todo o país, o que corresponde a quase metade das matrículas entre 2022 e 2023.
Porém, enquanto no ensino remoto as barreiras da distância e do tempo podem ser mais facilmente dribladas, por outro lado há um forte desafio para conseguir se adequar às exigências que a modalidade impõe, e principalmente não se deixar levar pela procrastinação. São comuns na comunidade acadêmica relatos de pessoas que sofrem para manter o foco no EaD, e não se adaptam da maneira necessária.
O pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira, entende que o ensino a distância ainda está em processo de adaptação. Para além da inovação no formato, o especialista explica que uma das maiores novidades no EaD é justamente o protagonismo do aluno, que precisa manejar bem essa centralidade para se organizar e ter disciplina adequada ao formato, inclusive com rotina de estudos.
“Quando quer ingressar no ensino superior, o aluno já precisa entender algumas questões. Uma delas é que é preciso desconstruir a ideia de que estudar à distância é mais fácil por ser mais barato e ainda por supostamente não existir controle. Além da correta orientação vocacional e o maior domínio da escrita e das tecnologias, a modalidade também exige maior pontualidade no cumprimento de prazos”, explica.
Nesse sentido, o pedagogo explica as diferenças do aluno nas duas modalidades, presencial e remoto. Enquanto na primeira o estudante está acostumado a ter a presença do professor, no ensino remoto é importante revisar esse entendimento, já que a plataforma está lá para registrar o ensino, mas não substitui o professor. Por isso é preciso ter menor dependência do docente.
Considerando os riscos acadêmicos de não se manter o foco no EaD, listamos algumas habilidades e hábitos cruciais ao estudante que opta por estudar remotamente.
1. Ter um ambiente de estudos adequado
É comum que pessoas que desejam estudar à distância imaginarem que a maior flexibilidade da modalidade possa permitir uma total ausência de controles com relação à disciplina no ensino. Mas estudar em qualquer lugar não significa estudar em qualquer ambiente.
Salvo exceções, o aluno que opta por essa modalidade precisa se organizar e providenciar um ambiente de estudos, com todas as características necessárias para se manter o foco no EaD. Isso inclui ambiente calmo, silencioso e confortável.
É importante selecionar um ambiente adequado em casa ou no trabalho, com equipamentos corretos, poltrona confortável, iluminação adequada e bem arejado. Um ambiente mais em contato com a natureza, se possível, também colabora para o melhor rendimento acadêmico.
2. Estar atento à conectividade e dispositivos eletrônicos
Parece básico, mas os equipamentos adequados podem fazer toda a diferença quando o objetivo é manter o foco no EaD. Isso porque um dispositivo eletrônico como um computador – seja de mesa ou notebook – ou um tablet, quando não bem configurado, desatualizado, ou com defeito pode facilmente minguar qualquer rotina de estudos.
O importante manter dispositivo adequado, com boas configurações, navegação fácil e rápida, softwares de apoio e câmera de qualidade. Além disso, esse dispositivo deve estar sempre à disposição imediata do acadêmico, com o cuidado ao utilizá-lo também para fins não educativos.
Em casos de uso de telefones celulares, é preciso estar atento para que seu manuseio não atrapalhe a rotina de estudos com distrações de redes sociais e notificações diversas, sendo recomendado silenciar esses aplicativos durante o período. Para algumas pessoas a melhor opção poder ser mesmo evitar seu uso como um todo.
Outra questão importante é a conexão à internet, que deve ser de velocidade e estabilidade adequados. Qualquer problema de conectividade pode trazer fortes prejuízos à rotina acadêmica.
3. Criar uma rotina
Se a flexibilidade é uma das vantagens do ensino a distância, a previsibilidade é amiga do bom rendimento acadêmico, ao menos em relação à rotina. Para manter o foco no EaD é crucial ter uma rotina de estudos adequada às necessidades acadêmicas, pessoais e profissionais do estudante.
Por isso, reservar um horário específico dentro de uma rotina bem estruturada é essencial para se conseguir cumprir os requisitos acadêmicos, além de adaptar-se às necessidades do dia a dia. Isso se torna ainda mais relevante quando se nota a exigência da maior disciplina na modalidade remota, já que não há a imposição da presencialidade.
4. Acompanhar a grade de aulas e trabalhos
Manter uma rotina de estudos e revisões da matéria é fundamental, mas acompanhar a grade de aulas é imprescindível. Se houver possibilidade de acompanhar as aulas ao vivo, mesmo quando não obrigatório, os resultados podem ser ainda melhores. Além disso, estar atento ao cronograma de aulas é crucial para o devido acompanhamento das matérias.
A interação durante as aulas, que já é muito importante na modalidade presencial, torna-se ainda mais relevante no EaD, pois ajuda no foco e nas dinâmicas de aprendizagem, e demonstra ao professor o interesse e a atenção pelo conteúdo.
O mesmo vale para os trabalhos e outras atividades, que precisam ser entregues nas datas estipuladas, assim como provas e avaliações. Participar de fóruns e monitorias, e buscar tutoriais também fazem a diferença.
5. Reunir as dúvidas
Ao contrário da modalidade presencial, em que as dúvidas que surgem em sala podem ser diretamente resolvidas pelo docente, no ensino remoto isso nem sempre é uma realidade. Além da distância do professor, nesse modelo de ensino as atividades e trabalhos fora das aulas ganham ainda mais protagonismo.
Por isso, para manter o foco no EaD, é essencial que o estudante anote suas dúvidas que surgirem, e esteja em contato com o docente sempre que possível. Esse hábito auxilia bastante no aprendizado, e ajuda a não acumular problemas que podem se tornar bolas de neve no futuro. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)
por leonardo santos | jul 25, 2025 | Dicas, Educação
O pontapé inicial para uma carreira de sucesso passa por um currículo que apresente o estudante de forma coesa e fisgue a atenção das empresas
Parte fundamental da graduação universitária passa pelo estágio, a primeira experiência do estudante no ambiente profissional. Lá o aluno tem espaço aberto e seguro para aprender na prática, errar e questionar. Mas para ter acesso a esse ambiente é preciso antes ser selecionado por uma empresa. Por se tratar de uma experiência nova, muitos universitários se sentem inseguros e não sabem como fazer um currículo para estágio.
Não é tarefa simples se apresentar para o mercado profissional, e os processos seletivos podem ser complexos e concorridos. No entanto, com o currículo para estágio bem preenchido, as chances de ser efetivado são consideravelmente mais altas. Isso demonstra o poder que um bom currículo tem no processo seletivo.
A coordenadora de Gente e Gestão do Ecossistema BRAS Educacional, Thais de Paula, explica que há regras básicas e diferenciais que destacam o candidato no processo seletivo. “Há os dados básicos de praxe, a formação acadêmica e os cursos complementares. Outra informação muito válida é se houve participação em algum projeto da instituição que cursa. Isso pode ser um diferencial competitivo”, revela.
Considerando o início de semestre como um dos melhores momentos para buscar uma nova oportunidade, deixamos abaixo 5 dicas para elaborar um bom currículo para estágio. Como existem regras básicas a todos os currículos – cabeçalho, fontes legíveis, informações mais recentes primeiro e agrupar tudo em apenas uma página – vamos focar aqui no conteúdo desse material.
- Evidencie seu objetivo
Seu cartão de visitas para o recrutador, o objetivo profissional tem a responsabilidade de descrever quem você é e deixar claro o que você busca. A finalidade é que a empresa já saiba de início seu perfil e o que procura.
Uma boa dica é se descrever como estudante universitário, colocar seu curso e os seus objetivos com o estágio, que passam pelas áreas que deseja atuar e objetivo de aprender e se desenvolver profissionalmente – a grande finalidade do estágio.
Mas isso tudo de forma resumida, sem textos enormes, e de preferência que não ultrapasse duas linhas. É como se fosse a descrição que você coloca no seu perfil de redes sociais, só que com perfil profissional.
- Destaque sua formação
Se você busca um estágio, é óbvio que está em formação. Por isso, é extremamente importante deixar clara sua formação universitária, com o nome da instituição, curso, início e previsão de encerramento da graduação.
Outros cursos, como possíveis formações anteriores, também são muito relevantes. Além disso, os cursos técnicos e complementares são fortes atrativos. Sua formação no ensino médio também pode ser válida.
- Invista nas suas habilidades
Nem só de cursos relativos à sua área de formação se trata o currículo para estágio. Existem habilidades universais que todas as empresas buscam. Um nível avançado de Excel, por exemplo, é um bom destaque.
Outra habilidade que pode fazer brilhar os olhos do seu recrutador são os idiomas estrangeiros. Inglês e espanhol são os mais comuns, mas outros idiomas também são forte diferencial, por isso vale destacá-los.
Com sua experiência na área de seleção, Thais de Paula argumenta que hoje são extensas as possibilidades de se expandir as atividades profissionais por meio de plataformas digitais. “Pode-se investir em cursos de curta duração, porque hoje há várias formações gratuitas e que agregam conhecimento”, explica a profissional.
- Atividades extracurriculares e outras experiências profissionais
Lembre-se que outras experiências profissionais podem ser forte diferencial no processo seletivo. Se você já teve uma experiência anterior com estágio, não deixe de destacá-la. Outras atividades profissionais desempenhadas fora da área de formação também são importantes, já que demonstram possível amadurecimento profissional.
Mas tendo experiências profissionais ou não, as atividades extracurriculares desempenham um papel extremamente relevante para destacar você na seleção. Elas demonstram que você se dispôs a participar de uma atividade de formação voluntariamente, sem obrigações de cumpri-las.
Thaís explica que essas atividades agregam forte valor ao currículo para estágio. “Valorizo muito, durante o processo de triagem, as formações extracurriculares, e se houver algum envolvimento em projetos acadêmicos. Isso demonstra que estudante tem pró-atividade”.
- Revisar antes de enviar
Parece básico, mas revisar o currículo para estágio é extremamente importante. Além de ser um material crucial no processo de seleção, que funciona como apresentação pessoal, o currículo também agrega muitas informações, o que pode induzir a erros.
Os erros gramaticais são muito comuns de serem encontrados em currículos, muitas vezes não por falta de conhecimento, mas justamente por desatenção ou erros de digitação. Outro erro comum são os de formatação, que podem desconfigurar os textos. Erros como esses geralmente são fatais nas seleções.
Outras informações que merecem atenção são as datas e outros dados de formação e experiências profissionais. Lembre-se que o recrutador estará atento a tudo que você fornecer como informação, e caso não haja clareza, ou mesmo existam inconsistências, ele não deve classificar seu currículo de estágio para etapas de posteriores.
(Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)
por leonardo santos | jun 23, 2025 | Dicas, Noticias
Mais que apenas dificuldades de concentração, transtorno afeta pessoas em vários aspectos da vida pessoal, incluindo a aprendizagem
Se você está com dificuldade em manter uma rotina de estudos, se vê facilmente distraído e se esforça para ter concentração, isso não necessariamente significa que você tenha Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mas vale se atentar aos sinais. É que por trás de uma onda de autodiagnósticos baseadas em informações duvidosas nas redes, há muitos fatos sobre o TDAH que passam despercebidos.
Com uma alta incidencia genética, prejuízos em vários aspectos da vida pessoal e características na maioria das vezes perceptíveis na escola, o TDAH tem uma incidência estimada entre 5% a 8% da população mundial, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). Alguns tem o transtorno mais voltado para a desatenção, outros para o comportamento inquieto e impulsivo, e outros do tipo misto.
Um dos fatos sobre o TDAH é que grande parte da população acredita que o transtorno só atinja crianças, o que não é correto, já que muitos adultos sofrem com a doença. O que acontece é que geralmente esses sintomas são mais perceptíveis em pessoas em idade escolar. Há também pessoas em que o TDAH deixa de se manifestar na fase adulta, enquanto outros só descobrem a condição nessa idade.
Muitos aspectos e fatos sobre o TDAH seguem desconhecidos por grande parte das pessoas, e informações desencontradas e sem fundamentos científicos e profissionais seguem rondando a internet, sendo cada vez mais comum casos de autodiagnósticos e uso absusivo de medicamentos. Também é importante entender que a condição não determina o histórico acadêmico de uma pessoa.
A psicóloga e docente da UniBRAS Montes Belos, Suzy Souza, alerta que embora o transtorno cause inconvenientes reais no processo educacional, ele não deve ser interpretado como uma barreira permanente nos estudos, mas sim como um obstáculo a ser superado com estratégias pedagógicas específicas, acompanhamento com profissional de saúde mental e postura ativa.
“Embora o TDAH apresente desafios reais no processo de ensino-aprendizagem, ele não define o potencial de um estudante. Muitas vezes vemos alunos e pais usando o transtorno como uma forma de isenção de esforço, quando na verdade o desenvolvimento é possivel com o apoio adequado”, aponta a profissional.
Entre os sintomas e fatos sobre o TDAH que a docente afirma como mais comuns estão a dificuldade com atenção e concentração, problemas com organização e
planejamento, impulsividade, baixa auto estima, frustração, memória operacional prejudicada, e em alguns casos hiperatividade.
“O mais importante é cultivar a consciência de que o transtorno exige adaptações, mas não exime responsabilidades. Necessita-se atenção, não superproteção. Quando há diálogo e orientação, o TDAH deixa de ser um limitador e passa a ser apenas uma característica a ser administrada”.
Com a relevância da temática no cenário acadêmico, e também com o objetivo de esclarecer mais sobre o transtorno e combater a desinformação, listamos abaixo 5 fatos sobre o TDAH enfrentados por quem tem a condição que talvez você não saiba.
1. Procrastina como escape das dificuldades de concentração
Um dos fatos sobre o TDAH mais comuns é a dificuldade em levar projetos a frente, sejam profissionais ou pessoais. E não se trata somente de tarefas mais complexas, mas também coisas simples, como terminar de ler um livro já iniciado, por exemplo. Muitas vezes essa procrastinação vem após episódios de profundo entusiasmo com a atividade, seguidos por forte desinteresse.
Para além de uma comum falta de disciplina, essa característica também tem a ver com dificuldades de organização, manutenção do foco, gerenciamento de tempo e adequado controle emocional. A ausência desses traços, chamados de funções executivas, corroem boa parte das metas estabelecidas por esse indivíduo, levando a uma profunda frustração.
As saídas mais simples podem ser estipular metas mais acessíveis e realistas, separar um tempo razoável para cumprir atividades importantes no dia a dia, além de fixar lembretes visuais pelo ambiente doméstico ou laboral.
2. Não gosta de rotina, mas precisa muito dela
Se há um dos fatos sobre o TDAH que parecem mais contraditórios e polêmicos é sua relação com a rotina. Isso porque pessoas com o transtorno têm grandes dificuldades para cumpri-la, alegando tédio ou cansaço com mais frequência. Vale estacar que a impulsividade é um denominador comum para quem tem TDAH, com uma necessidade maior em ter rápidas recompensas ao realizar atividades que exigem maior esforço.
Por outro lado, estabelecer uma rotina equilibrada, com períodos de tempo de trabalho ou estudos adequados, junto a outros períodos reservados a atividades livres é uma das maneiras mais simples para superar os prejuízos do transtorno. Por isso, muitos vivem uma relação cíclica de amor e ódio com a rotina, variando entre o cumprimento e descumprimento de tarefas e tendo graves prejuízos com esse comportamento.
Mas como implementar com sucesso uma rotina se há uma grande resistência a ela? Os especialistas explicam que a melhor maneira de vencer esse círculo vicioso é
entender suas maiores necessidades pessoais, profissionais e acadêmicas, e organizar uma grade realista de horários, com rotina previsível e constante.
Nesse sentido, é importante que o indivíduo alterne horários estabelecidos para trabalhar e estudar, com outros horários de lazer e descanso. A alimentação adequada e atividades físicas são chaves para o sucesso dessas medidas. É importante ainda ter um espaço limpo, silencioso e organizado de estudos – além de sempre dividir as tarefas em etapas menores.
3. Pode se beneficiar de métodos de estudo alternativos
Se estudar de maneira tradicional não gera grandes resultados, pode ser hora de buscar metodologias pedagógicas alternativas. Técnicas como o método pomodoro, em que o estudante intercala períodos curtos de estudo com pausas regulares, ou a técnica Feyman, em que se revisa o conteúdo estudado “ensinando” a outra pessoa costumam funcionar entre pessoas com TDAH.
Outros recursos que auxiliam bastante no processo de foco e memorização são a prática de resumos, o uso de flashcards e lembretes visuais, os mapas mentais e organogramas.
4. Precisa se atentar ao uso de medicamentos
Como qualquer tipo de medicamento psicotrópico, o uso de substâncias para aliviar o sintomas do TDAH podem ter enorme sucesso no tratamento, mas devem sempre ser introduzidos e retirados com cuidado e acompanhamento de um médico. É esse profissional que tem o conhecimento específico sobre as vantagens e ricos desses medicamentos, e pode administrá-los com segurança.
Medicações como o metilfenidato, lisdexanfetamina e o cloridato de atomexina são algumas das substâncias mas receitadas pelos médicos para o TDAH, com diversos nomes comerciais. No entanto, quando utilizados de forma abusiva, podem levar a dependência química e outros efeitos colaterais psicológicos e físicos graves.
A comunidade médica tem notado inclusive um aumento no abuso desses medicamentos, mesmo entre pessoas que não tem o transtorno diagnosticado. Com o avanço da autodiagnosticação e a automedicação, o uso dessas substâncias requer especial atenção por parte da comunidade acadêmica.
5. Só pode ser diagnosticado por um profissional
A internet pode ser uma fonte de alerta e informação importante, mas um dos fatos sobre o TDAH é que simplesmente alguns sintomas como desatenção constante, dificuldade em levar adiante rotinas diárias e impulsividade não são suficientes para diagnosticar o transtorno.
Além desses sintomas poderem estar presentes em outros diagnósticos de transtornos mentais, eles também podem ser resultados de um estilo de vida acelerado, muito atarefado ou do abuso de dispositivos eletrônicos – comportamentos muito comuns hoje em dia. O certo é que só um profissional de saúde mental é capaz de reunir as queixas e dificuldades de um indivíduo e estabelecer um diagnóstico ou não.
Entre os profissionais adequados para fazer essa análise estão psicólogos, psiquiatras e neurologistas. Assim, em caso de suspeita do TDAH, o primeiro passo a seguir é buscar ajuda profissional. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)
por leonardo santos | maio 27, 2025 | Dicas, Educação, Saúde
Muito além do que se pensa ser preguiça, há maneiras de simplificar a rotina de estudos e evitar deixar tudo para depois
Quem nunca deixou para amanhã a lista de exercícios que poderia fazer hoje? O trabalho com o prazo de um mês para o último dia, ou o estudo da prova para horas antes do exame. Estudantes de todas as idades entendem bem os prejuízos da procrastinação nos estudos, mas ainda assim não sabem como pará-la. Se fosse fácil abandoná-la, muitos já teriam se ajustado. Pior ainda é quando a culpa se instala.
É que a questão é mais complexa. A procrastinação nos estudos, na alimentação, no trabalho, quanto a uma decisão importante, ou a qualquer outro aspecto em que ela se manifeste, não é algo simples como uma preguiça ou má gestão do tempo, como muitos de nós interpretamos. Se trata de um comportamento ou sintoma fruto de conflitos inconscientes. Ou ao menos é assim que explica a psicanálise.
A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da UniBRAS Quatro Marcos, Aline Esther, explica que Sigmund Freud apontava para um conflito entre o princípio do prazer, que busca a satisfação imediata, e o princípio da realidade, que impõe limites e obrigações. Nesse embate, o indivíduo recorre a mecanismos de defesa, como a repressão ou a evitação, para escapar de situações angustiantes.
“Quando uma tarefa desperta o temor do fracasso, inadequação ou julgamento, ou quando exige uma forte disposição de energia, o sujeito pode inconscientemente optar por adiá-la, como forma de se proteger. O medo do sucesso também é uma variável comum. Então a procrastinação não deve ser combatida diretamente, ela deve ser interpretada, compreendida, para que se lide com ela”.
De acordo com essa interpretação, é preciso estar atento ao que se estimula essa procrastinação nos estudos, e a partir disso agir para fazer com que a rotina possa fluir de maneira mais simples. Dessa forma, o cuidado com a saúde mental e o autoconhecimento são indispensáveis para enfrentar a questão da procrastinação.
Mas pensando de uma forma mais prática, e considerando que os cuidados com a saúde mental estão sendo observados satisfatoriamente, há sim algumas medidas e hábitos que podem ajudar a construir uma rotina mais saudável e ágil, deixando a procrastinação nos estudos como um comportamento do passado.
Abaixo listamos 5 hábitos para evitar a procrastinação nos estudos.
1. Cuide do seu espaço de estudos
Antes de começar uma rotina de estudos bem-sucedida é fundamental estar atento ao lugar em que se estuda. Isso porque um ambiente limpo, organizado e sem distrações são fatores determinantes para um melhor rendimento. Dessa maneira, separar um
espaço em que se tenha mais capacidade de concentração e personalizá-lo a seu favor é fundamental.
É importante também estar atento aos equipamentos que auxiliam nos estudos, como artigos de papelaria e dispositivos eletrônicos, já que materiais em bom estado agilizam a rotina. Por último, é importante buscar sempre o máximo de conforto possível.
2. Determine metas e prazos
Deixar que os conteúdos fluam de forma caótica é um excelente atalho para a procrastinação nos estudos. Por isso, é preciso estar atento às prioridades e urgências, e determinar quais tarefas devem ser desenvolvidas primeiro, com metas e prazos.
É importante também determinar o tempo de estudo diário, para que essa rotina não seja driblada sem que se perceba – nem seja excessiva.
Mas atenção: é extremamente importante criar metas possíveis, de acordo com seu tempo, disponibilidade e comportamento. Nada de criar tarefas gigantes e impossíveis de serem cumpridas, já que isso pode desenvolver um sentimento de fracasso, que estimula ainda mais a procrastinação.
3. Faça a gestão de tarefas grandes
Quem nunca enrolou para desempenhar uma tarefa que demande muito tempo e esforço? Se deparar com grandes tarefas pode ser um desencadeador da procrastinação nos estudos, já que tendemos a evitar atividades que requerem muito empenho. Pior ainda é não saber quais são os passos para desempenhá-la, e se perder no caminho.
Dividir essa grande tarefa em etapas menores não só ajuda a ter mais clareza sobre o projeto, como também auxilia na gestão de tempo. O resultado é uma tarefa mais organizada e com menos ansiedade e tensão sobre o trabalho, evitando assim a procrastinação.
4. Separe um tempo para o descanso
Se a rotina de estudos demandar muitas horas do dia, é importante manter uma pausa entre os livros. Isso porque o cansaço diminui o foco, fundamental para se ter um bom desempenho.
Não tendo boa concentração, o estudante tende a ter dificuldades com memorização e vai ter um menor aproveitamento do que revisou. Se o sono não estiver em dia, o resultado é ainda pior.
Por isso separe sempre um intervalo entre os estudos para descansar, se distrair ou fazer um lanche. Lembre-se também que na rotina diária é importante manter no mínimo 7 horas de sono.
5. Use a tecnologia a seu favor
Há muito debate sobre o uso da tecnologia na Educação, especialmente no potencial dos dispositivos eletrônicos em diminuir nossa capacidade de concentração. Mas é importante entender que esses equipamentos podem auxiliar na diminuição da procrastinação dos estudos, desde que utilizados com intencionalidade correta.
Há aplicativos que ajudam a gerir o tempo dos estudos, na manutenção de métodos de ensino e na concentração. Além disso, a inteligência artificial pode ser uma aliada na simplificação de tarefas, desde que utilizada de forma correta. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)
por leonardo santos | abr 14, 2025 | Dicas
Prática tem reflexos diretos na rotina de aprendizagem
Ter uma rotina de estudos é parte essencial do processo de aprendizagem. Quando se revisa os conteúdos acompanhados em sala de aula, o estudante costuma ter um rendimento superior. Mas estudar todos os dias requer esforço e planejamento, e muitos acabam se perdendo no processo. No enanto, os estudantes podem desfrutar os benefícios da meditação para os estudos.
Parece estranho para alguns que a meditação possa influenciar diretamente na rotina estudantil, mas os benefícios da meditação para os estudos são diversos, passando por fatores cognitivos à saúde mental. A prática milenar surgida em países asiáticos acabou se difundindo em todo o mundo, e passou também de ser uma prática somente religiosa ou espiritual para um exercício cotidiano.
Oportunidades e tutoriais não faltam. Basta uma simples busca na internet para se encontrar possibilidades infinitas de meditação, incluindo os populares aplicativos, que acompanham e guiam os praticantes.
A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da UniBRAS Quatro Marcos, Aline Esther, explica que embora a regulação do estresse e da ansiedade seja a principal razão para que se busque a meditação, os benefícios são muito maiores.
“Destaca-se o autoconhecimento e expansão da consciência. A meditação proporciona um espaço de atenção voltado para conteúdos internos, permitindo a exploração e mergulho no eu para além da superfície, já que é natural que estejamos o tempo todo voltados para fora, e a meditação proprociona um movimento reverso”, explica.
A partir da prática, a docente explica que há o desenvolvimento de habilidades que contribuem para uma expansão cognitiva e psicológica, funcionando como uma ferramenta de reorganização mental. Isso serve de base para movimentos de adaptação e mudanças positivas para o indivíduo.
Considerando os reflexos que a prática pode gerar em toda a comunidade acadêmica, listamos abaixo 5 benefícios da meditação para os estudos.
1. Desenvolve a concentração e o foco
É difícil imaginar um dos benefícios da meditação para os estudos melhor que simplesmente desenvolver a concentração. Afinal, quem nunca perdeu horas procrastinando com qualquer coisa ao invés de manter o foco nos livros?
Os estudos sobre a meditação são unânimes em demonstrar que indivíduos que incluem a atividade em sua rotina tem melhores resultados nesse tópico, o que
obviamente beneficia o rendimento de estudantes. Isso porque ao meditar, a pessoa treina a mente para manter o foco em um pensamento ou objeto.
2. Melhora a saúde mental
Outro resultado unânime entre os estudos são as vantagens de quem tem o hábito da prática meditativa no quesito saúde mental. Isso porque meditar reduz o estresse, a ansiedade e os sintomas depressivos. Além disso, reduz a irritabilidade, já que ajuda a diminuir os níveis de cortisol – o hormônio do estresse.
Assim, fica claro que aumentar a sensação de bem-estar é um dos benefícios da meditação para os estudos, já que uma mente mais saudável é essencial para um bom rendimento nas atividades educacionais.
3. Promove a saúde física
Estar doente não ajuda quando o assunto é estudar. E nesse sentido a meditação também pode ser uma aliada. Isso porque ela afeta diretamente a frequência cardíaca e pressão arterial, indispensáveis para quem deseja ter uma rotina mais calma e focada. Além disso, a diminuição nos níveis de cortisol aumenta a sensação de bem-estar, já que o hormônio tem efeito sob o humor e motivação.
A redução do cortisol também diminui as inflamações e afeta diretamente o metabolismo. Há ainda estudos que demonstram que pessoas que meditam regularmente tem diminuição significativa nos sintomas dolorosos.
4. Beneficia a capacidade de memória
Ter uma boa memória também está entre um dos melhores benefícios da meditação para os estudos. E a prática tem efeito direto sobre ela, já que atua na massa cinzenta do cérebro, ou hipocampo.
Essa região é conhecida pela maior concentração de neurônios, e ativá-la significa estimular o surgimento de novos neurônios. Isso beneficia diretamente o processamento das emoções, a diminuição do estresse e o aumento da capacidade de memorização.
5. Trabalha a autoconfiança
A já muito mencionada diminuição do estresse e maior controle das emoções traz um benefício a mais: a melhora na autoconfiança. Isso porque, com a sensação de bem-estar iminente, a mente tem a tendência em trabalhar melhor suas habilidades, promovendo mais assertividade.
Essa sensação de bem-estar também proporciona uma diminuição do medo e dos sistemas de alerta. Para os estudantes isso pode ser fundamental, já que em uma prova ou atividade, ter uma maior autoconfiança pode influenciar diretamente no
resultado final. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema Bras Educacional)
por leonardo santos | mar 13, 2025 | Dicas, Noticias
Longa protagonizado por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro é importante retrato familiar e nacional dos difíceis anos da ditadura militar
“Nós vamos sorrir sim. Sorriam!”, diz Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, juntos a seus cinco filhos, para a matéria de um veículo de imprensa. A matéria abordava as circuntâncias do desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, engenheiro, ex-deputado e ativista político da resistência à ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985.
Dirigido por Walter Salles, o filme “Ainda Estou Aqui” é o retrato mais fidedigno da rotina da família do ativista após seu desaparecimento. Com foco na família unida e feliz, de classe média alta e moradores da zona sul carioca, o longa retrata, por meio de um recorte, o drama vivido pela família de desaparecidos políticos e sua luta por esclarecimento e verdade.
Amigo e frequentador da casa dos Paiva na infância, Walter Salles se nutriu das memórias que tinha da família e do livro “Ainda Estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado, para contar como Eunice Paiva se converteu numa matriarca forte e irrefreável para criar seu filhos e lutar pelo esclarecimento da morte do marido, apesar do trauma familiar.
Com Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello no elenco principal, o filme brilha por retratar um outro lado da Ditadura Militar, com as consequências na rotina cotidiana, entre temas afetivos e financeiras, vividas pelas famílias de desaparecidos do regime autoritário.
Se convertendo também em um dos longas de maior bilheteria da história do cinema brasileiro, tanto dentro quanto fora do Brasil, “Ainda Estou Aqui” evoca a memória, verdade e justiça num país que tem um capítulo trágico em sua história recente, e que também tem por padrão o esquecimento e a anistia em situações complexas.
Com uma campanha internacional que conquistou elogios, admiração, sucesso e prêmios inéditos no audiovisual brasileiro, “Ainda Estou Aqui” trouxe para casa a primeira estatueta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Oscar, pelo prêmio de melhor filme de língua não-inglesa, assim como outras duas indicações – melhor atriz para Fernanda Torres e a inédita indicação de melhor filme.
O filme também é um precioso registro da nossa história como país, e tem um profundo legado na formação educacional de estudantes brasileiros. O pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira, destaca nosso dever em não fugir da questão da Ditadura Militar, isso como cidadãos e também como educadores, sendo imprescindível uma abordagem correta das instituições de ensino sobre o tema.
“A instituição de ensino deve abordar, de uma forma aberta, a realidade do regime autoritário, ecoando os aspectos sociais e políticos da época, e trazendo à tona o que realmete foi a ditadura. Não é vender uma outra versão, ou abordar como um momento que já vencemos. É um tema forte, que não se pode fugir como se fosse somente algo do passado”, aponta.
Para o especialista, as instituições de ensino precisam se atentar que filmes como esse, que trazem um recorte histórico e crítico, não podem apenas serem sucesso comercial, mas sim complemento de um passado duro e doloroso. “A ditadura trouxe consequências vitalícias, as memórias não se apagam. O passado não foi apagado. Ele é presente, é real, dolorido, e ainda move vidas e famílias na atualidade”.
Pensando no enorme sucesso e importancia de obras dessa magnitude para o audiovisual brasileiro, a memória coletiva e a Educação e formação pedagógica trazidas pelo filme, elencamos 5 fatos históricos retratados em “Ainda Estou Aqui”.
- O “boom” da música brasileira nas décadas de 1960/1970
A campanha de divulgação de “Ainda Estou Aqui” foi embalada pela canção “É preciso dar um jeito, meu amigo”, de Erasmo Carlos. Escrita em 1971, ano do desaparecimento de Rubens Paiva, a música fala sobre a repressão política em que vivia o país e a necessidade de resistência. Mas quase todas as canções da trilha sonora do filme exploram a música brasileira de uma perspectiva temporal e nacionalista.
Quando a filha mais velha, Veroca (Valentina Herszage), passeia de carro com o namorado e amigos por um Rio de Janeiro idílico, se ouve “Jimmy, Renda-se”, de Tom Zé. Já na reuniãode família e amigos, Rubens (Selton Mello) coloca Juca Chaves com “Take Me Back to Piauí” para tocar, e avisa que a filha, que vai se mudar para o exterior em breve, já vai escutar muita música “gringa” nos próximos tempos.
Outro momento de destaque é quando os agentes repressivos reviram as coisas de Rubens em sua casa, e se deparam com vários discos de artistas brasileiros considerados “subversivos” pelo regime ditatorial, incluindo Caetano Veloso.
Todos esses detalhes importatíssimos do filme marcam um dualidade triste do Brasil nos chamados “anos de chumbo”. O país vivia um verdadeiro florescer cultural enquanto os agentes repressivos perseguiam politicamente e sufocavam artistas, inclusive por meio de censura direta.
Já com forte destaque internacional com a bossa nova no final dos anos 1950, o Brasil era sacudido pela tropicália desde os anos1960, que trazia consigo na música, cinema, teatro e toda a cena artística como um todo uma forte valorização da identidade nacional. Nesse período, o país continuou a exportar excelência cultural e atrair fãs e admiradores em todo o mundo, inclusive influenciando fortemente artistas estrangeiros.
2. O Rio de Janeiro era mais “seguro”
A casa dos Paiva de frente para a praia, na Rua Delfim Moreira, número 80, no Leblon, não tinha muros altos ou cerca elétrica, algo inimaginável para qualquer morador da capital fluminense nos dias de hoje. É que naquele tempo, mesmo apesar da já forte desigualdade social e racial, o Rio de Janeiro não apresentava índices de criminalidade tão elevados como os de hoje.
O filme retrata uma rotina familiar tranquila, com o mar como protagonista. Nas ruas, o pequeno Marcelo Rubens – autor do livro que deu origem ao filme – jogava futebol na rua com os vizinhos. Esse cenário calmo, conhecido de perto pelo diretor Walter salles, que era amigo da família, proprociona a quem assiste o filme um cenário de paz e conforto familiar, tragicamente interropido pela prisão de Rubens.
A inabilidade dos governos federal, estadual e municipal em conter o crescimento do tráfico de drogas rapigonou a realidade carioca para pior. A partir da década de 1970 surgem os primeiros pontos de tráfico de entorpecentes do Rio de Janeiro à Europa, se alimentando das fronteiras sem fiscalização de um país gigante como o Brasil, por onde começaram a circular as drogas e as armas.
No início da década de 1980 o tráfico já era uma realidade comum na capital, com o maiores agrupamentos altamente armados e conflitos entre facçõe rivais. Com a população pobre e negra isolada nos morros por vários anos de limpeza étnica e higienismo social promovidos pela elite da cidade por meio de seus planejamentos urbanísticos alheios a realidade social, a segurança se desmanchou.
Também inclui nesse fato a constante negligência sobre o tráfico e a violência urbana crescente por parte dos administradores públicos, inclusive nos 21 anos da ditadura militar, e o crescimento da desiguldade de renda estimulada pelas políticas econômicas questionáveis desses governos militares.
3. A inflação era uma realidade cotidiana
Como uma mulher influente ainda antes da morte do marido, Eunice Paiva (Fernanda Torres) busca em suas economias um valor suficiente pra que sua filha se estabeleça em sua nova residência no Reino Unido. Mas um fato curioso é que as reservas da matriarca já estavam em libras esterlinas, e guardadas na própria residência.
Fato inimaginável hoje, economizar em moeda estrangeira era a realidade das famílias brasileiras para ter suas reservas resguardadas no contexto de uma inflação elevada. Antes do estabelecimento do plano real, em 1994, o Brasil viveu períodos de forte incerteza monetária, e economizar em moeda local era altamente arriscado, já que os preços mudavam com frequência.
Na época do filme, a moeda do país era o cruzeiro, que seria utilizado até 1986, quando foi substituído pelo cruzado. No período, a inflação anual rondava os 30%, bem diferente dos aproximados 5% de hoje. No final da década de 1970, os ciclos de expansão monetária empreendidos pelos governos militares, associados a crise do petróleo, levaram o país à hiperinflação.
Durante as décadas de 1980 e início de 1990, a inflação anual no Brasil ultrapassou os três e depois os quatro dígitos, chegando a quase 5000% em junho de 1994, antes da implementação do real no mês seguinte. Esse golpe inflacionário derrubou o poder de compra das famílias, aumentou a pobreza e a fome, e foi um dos motivos da queda da ditadura militar.
Nesse cenário inóspito, ter reservas em dólares e libras era essencial para chegar ao final do mês, lembrando que o euro ainda não exisitia nessa época.
4. A imprensa se dividiu em meio às pressões políticas
Sem internet, as notícias circulavam mais lentamente, e a dependência dos meios de comunicação hegemônicos era muito forte. Em muitos momentos do filme a imprensa é vista como parceira do regime, com a personagem Eunice citando durante uma entrevista a existência de uma “rede de notícias falsas” que davam suporte ao governo autoritário.
A verdade é que a maioria esmagadora dos grandes grupos de comunicação do país apoiaram o golpe de 1964, e conservaram uma linha editorial simpática ao regime. A justificativa seria os riscos de uma “invasão vermelha”, em que supostamente grupos de guerrilheiros marxistas tomariam o poder.
Mas é claro que nem todos os profissionais da imprensa concordaram. Por isso, muitos veículos opositores ao governo vigente foram perseguidos, censurados e obrigados a fecharem suas portas. Era comum também ver notícias censuradas nos jornais, com receitas de bolo no lugar das matérias.
Um dos nomes mais lembrandos na perseguição política à jornalistas é Vladimir Herzog, na época diretor de telejornalismo TV Cultura, e professor na escola de comunicação da USP. Em 1975, o jornalista foi preso, torturado e morto depois de se apresentar voluntariamente para prestar esclarecimentos sobre sua ligação com a resistência.
Essa realidade fragmentada na imprensa é percebida em vários momentos do filme, como quando Eunice questiona seus colegas se não se poderia denunciar o desaparimento do marido nos jornais, recebendo uma negativa, já que os veículos estavam sendo censurados, e que o melhor caminho seria buscar jornais americanos ou franceses para fazer a denúncia.
5. Os torturadores não foram punidos
Ao contrário de países vizinhos que passaram por regimes ditatoriais parceiros dos militares brasileiros, como a Argentina, o Chile e o Uruguai, nenhum militar e torturador brasileiro foi punido. Isso porque em 1979 entrou em vigor a Lei da Anistia, instrumento encontrado pelo militares brasileiros, setores sindicais e membros da sociedade civil para trazer um ponto final à situação delicada do país.
Assinada pelo presidente de fato, João Figueiredo, a lei prevê anistia a todos os crimes políticos cometidos entre 2 de agosto de 196 e 15 de agosto de 1979. Nisso, todos os torturadores e agenes de crimes antidemocráticos cometidos pelas forças militares não puderam ser punidos.
A lei não passou despercebida pelos militantes dos direitos humanos, que entenderam a legislação como uma garantia de impunidade para os criminosos. No entanto, ela teve ampla aceitação popular, já que diversos nichos da sociedade brasileira viam, na época, sua aprovação como uma garantia necessária para o longo caminho da redemocratização do país.
No fim dos anos 2000, a vizinha a Argentina – que já havia punidos militares de alta patente nos anos 1980 – teve suas leis de anistia revistas e derrubadas pela Suprema Corte do país, abrindo brecha para que mais de mil agentes da repressão fossem então julgados e condenados, alguns com prisão perpétua. Isso estimulou autoridades brasileiras a buscaram uma revisão da Lei da Anistia brasileira, sem sucesso.
Enquanto várias entidades, entre elas a OAB, viam a lei como insconstitucional, já que anistiar crimes de tortura e assinatos seria contrário a vários tratados internacionais assinados pelo Brasil, outros se queixavam que retornar ao assunto só levaria a mais “revanchismo”, e que a lei era uma das bases da nova democracia brasileira. Em 2010, o Superior Tribunal Federal decidiu que a lei não deveria ser revista.
Para trazer mais esclarecimentos sobre os crimes cometidos durante o período, em 2011 foi instituída a Comissão Nacional da Verdade (CNV), colegiado composto por sete membros auxiliados por vários pesquisadores e historiadores. O objetivo era apurar todas violações de direitos humanos e terrorismo de estado promovidos entre 1946 e 1988.
O colegiado produziu então um documento com lista contendo ao todo 434 nomes de mortos e desaparecidos vítimas de terrorismo de Estado. Muitos deles não tinham sequer envolvimento com a luta armada, outros nem mesmo participavam da resistência. Foi também a partir da comissão que se pôde esclarecer a morte do ex-deputado Rubens Paiva.
De acordo com as investigações, Rubens Paiva foi preso e torturado, e morreu entre os dias 20 e 22 de janeiro de 1971, no Destacamento de Operações e Informações (DOI) do I Exército, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Na ocasião do esclarecimento, 5 militares foram responsabilizados pela sua morte. Nenhum deles foi jugado, e três já faleceram. O corpo do ativista e ex-deputado jamas foi enconrrado.
Atualmente, vários ativistas, juízes e entidades seguem defedendo a revogação da Lei da Anistia. Em dezembro de 2024, o ministro do STF Flávio Dino decidiu que a ocultação de cadáveres não faz parte dos crimes anistiados pela lei, por considerar que sem o esclarecimento, o crime continua em consumação. O entendimento defendido pelo ministro foi emitido em decisão sobre os restos mortais dos integrantes da Guerrilha do Araguaia.
Em fevereiro de 2025, a atual presidente do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha, defendeu a revogação da Lei da Anistia. Enquanto a lei seguir em vigência, os torturadores seguem impunes, com suas patentes militares e recebendo aposentadorias e benefícios. Outros já são falecidos sem a devida responsabilização, muitas vezes com familiares ainda recebendo tais benefícios financeiros. (Texto: Bruno Corrêa – jornalista da Assessoria de Comunicação do Ecossistema BRAS Educacional)