IA na educação: o que dizem os professores

IA na educação: o que dizem os professores

Inteligência artificial já é realidade em salas de aula, e docentes relatam suas primeiras impressões

Uma nova fronteira tecnológica vem marcando pesado o processo de aprendizagem, e colocando docentes e alunos a prova. A inteligência artificial é uma nova ferramenta que não se pode mais ignorar, e enquanto inicialmente professores verificaram o uso indevido de ferramentas como Chat GPT por alunos, hoje o uso da IA na Educação é um assunto bem mais amplo.

As ferramentas da IA na Educação são variadas, e quando bem utilizadas podem beneficiar o aprendizado de inúmeras maneiras. Para além da ideia de que a inteligência artificial é inimiga, as novas tecnologias podem ser aliadas em salas de aula. E quem é muito resistente às inovações pode ficar para trás, algo muito prejudicial tanto no mundo acadêmico quanto no profissional.

É pensando nesse novo horizonte de possibilidades e riscos que especialistas em Educação convidam docentes de todos os níveis a se ambientarem melhor com a IA. No Brasil, o MEC já tem iniciativas para incluir a inteligência artificial na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), e em 2024 lançou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), já de olho em metas para a inclusão das novas tecnologias.

Nacionalmente, o Piauí foi o primeiro estado a sair na frente, introduzindo a disciplina de Inteligência Artificial a partir do último ano do ensino fundamental e nos 3 anos do ensino médio. A iniciativa já é realidade em todas as escolas do estado desde o início de 2024, sendo o Piauí reconhecido pela Unesco como a primeira legislação do continente americano a incluir a IA como disciplina obrigatória e universal.

Especialistas indicam que a presença da IA na Educação pode atrair uma série de facilitadores na gestão das instituições de ensino, auxiliar na diminuição da evasão escolar e introduzir novas variantes e possibilidades à aprendizagem e qualificação profissional. No entanto, nada disso é possível de forma igualitária aos estudantes brasileiros se houver barreiras geográficas e financeiras à conectividade.

Para entender um pouco mais sobre essa nova perspectiva, conversamos com docentes do Ecossistema para compreender suas percepções sobre a correta introdução da IA na Educação, seus riscos e possibilidades.

O que queremos com a IA?

O pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira, defende que antes de apontar se a inteligência artificial é boa ou ruim para a área educacional, é preciso antes conhecê-la e entender seus mecanismos. Para ele, não compete necessariamente ao docente indicar como positiva ou negativa a efetividade da IA, mas sim se aprofundar na temática e compreender as possibilidades pedagógicas.

“Tem que se fazer uma vivência real no tema, uma imersão, para que o aluno entenda o que é aquela tecnologia. O professor não pode pensar que a inteligência artificial vai salvar o mundo. Nós precisamos saber sobre a intencionalidade, como funciona um aplicativo confiável e o que a IA pode demandar”, explica.

O especialista frisa que não se pode acreditar que a IA na Educação vai resolver os problemas que não foram resolvidos pelos “humanos”, mesmo porque, segundo ele, não se pode acreditar que a inteligência artificial está “pensando mais que nós”. É necessário refletir sobre as estratégias e os objetivos que se querem alcançar como um todo.

“Na verdade, a tecnologia está sendo programada para resolver coisas que nós estamos demandando. E a partir daí, nós precisamos ter essa relação muito proximal entre teoria, prática e a tecnologia. Hoje há quem entenda mais e outros menos sobre a IA, e isso estimula a criação de verdades e mitos sobre o tema”.

Ferramenta incomparável

Criar planos de aprendizagem personalizados, sugerir cronogramas, resumir tópicos complexos e até recomendar rotas de estudo a partir das dificuldades identificas pelo aluno. Essas são algumas das funcionalidades possíveis com o uso da IA na Educação, de acordo com o docente do Centro Universitário UniFACTHUS, Roberto Duarte. Mas eles explicam que o uso dessas plataformas merece também cautela.

“Como organizadora de estudos, a IA é incomparável. Também é uma excelente fonte de primeiras referências em pesquisa sobre temas desconhecidos, com apresentação de conceitos-chave e direcionamento para investigação em fontes especializadas. Mas não é uma fonte definitiva de conhecimento, já que retira suas informações da internet, ecossistema em que o verificável e o falso coexistem”.

O docente explica que as chamadas “alucinações”- situações em que informações falsas soam fortemente convincentes – são um risco real. Ele aponta, no entanto, que o maior risco percebido no uso incorreto da IA está em utilizar essas ferramentas para a resolução de exercícios e tarefas.

“A facilidade imediata é tentadora, mas o resultado é nefasto, porque o verdadeiro valor desses exercícios não está na resposta final, mas sim no processo mental para chegar até ela”, defende. Para Roberto, é justamente nesse processo de resolver exercícios tidos como “difíceis”, de tentativa e erro, que acontecem as conexões neurais para se desenvolver o profundo conhecimento sobre a matéria.

O professor argumenta que o aluno que utiliza dessa manobra está abrindo mão da oportunidade de aprender. “Essas conexões neurais são a razão fundamental do estudante frequentar a instituição. O ambiente acadêmico existe para desafiar o raciocínio lógico, criar resiliência intelectual e desenvolver a capacidade de resolver problemas complexos”.

Sendo assim, Roberto considera que a relevância da IA na Educação está em libertar o aluno de tarefas mecânicas organizacionais e de síntese inicial. Do contrário, o uso indevido dessas ferramentas desestimula o desenvolvimento do espírito crítico, base no pensamento científico.

“A função da IA é ser um ponto de partida, um guia inicial que deve ser incessantemente confrontado com fontes primárias e autorizadas”, diz.

Preocupação na educação básica

O pedagogo e docente do Centro Universitário UniFACTHUS, Bruno Pires, vê com bons olhos o uso de IA na Educação como ferramenta de pesquisa, desde que alunos e professores a utilizam com consciência e equilíbrio. Mas como docente também fora do ensino superior, ele tem uma especial preocupação com as consequências da inteligência artificial na educação básica.

“São crianças e adolescentes em processo de construção de identidade, como novos seres culturais. Nessa etapa é crucial o desenvolvimento da imaginação, criatividade e raciocínio crítico. Se essas ferramentas forem utilizadas excessivamente, ou mesmo de maneira indiscriminada, como já estamos verificando, esses estudantes podem deixar de exercitar suas próprias capacidades e se tornarem dependentes dessas tecnologias”.

O especialista acredita que caso não haja um bom direcionamento da IA na educação básica, haverá consequências no futuro. Por isso ele defende uma maior reflexão pedagógica, para que o professor possa desenvolver essas habilidades nos estudantes, fazendo com que eles percebam que pensar com autonomia é muito importante para o próprio desenvolvimento deles.

“As novas tecnologias podem ser aliadas, mas jamais devem substituir o processo de construção ativa para o desenvolvimento integral dos estudantes. Então seu uso precisar ser mediado e dosado pelo professor”. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)

5 dicas para manter o foco no EaD

5 dicas para manter o foco no EaD

Modelo remoto possibilita maior flexibilidade, mas foco é indispensável para um resultado de excelência

Estudar a distância deixou de ser uma particularidade e se tornou algo comum. Se antes havia preconceito com a modalidade, a pandemia a transformou na única maneira viável de estudo por certo tempo, e seguiu em alta mesmo depois. Mas apesar das vantagens, manter o foco no EaD exige disciplina extra e hábitos que vão além dos já exigidos no presencial.

Os números mais recentes divulgados pelo Semesp – entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil – mostram que as matrículas no ensino remoto dispararam 326% no período entre 2013 e 2023, enquanto a modalidade presencial teve uma queda de 29,1%. Ao todo são quase 5 milhões de estudantes de EaD em todo o país, o que corresponde a quase metade das matrículas entre 2022 e 2023.

Porém, enquanto no ensino remoto as barreiras da distância e do tempo podem ser mais facilmente dribladas, por outro lado há um forte desafio para conseguir se adequar às exigências que a modalidade impõe, e principalmente não se deixar levar pela procrastinação. São comuns na comunidade acadêmica relatos de pessoas que sofrem para manter o foco no EaD, e não se adaptam da maneira necessária.

O pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira, entende que o ensino a distância ainda está em processo de adaptação. Para além da inovação no formato, o especialista explica que uma das maiores novidades no EaD é justamente o protagonismo do aluno, que precisa manejar bem essa centralidade para se organizar e ter disciplina adequada ao formato, inclusive com rotina de estudos.

“Quando quer ingressar no ensino superior, o aluno já precisa entender algumas questões. Uma delas é que é preciso desconstruir a ideia de que estudar à distância é mais fácil por ser mais barato e ainda por supostamente não existir controle. Além da correta orientação vocacional e o maior domínio da escrita e das tecnologias, a modalidade também exige maior pontualidade no cumprimento de prazos”, explica.

Nesse sentido, o pedagogo explica as diferenças do aluno nas duas modalidades, presencial e remoto. Enquanto na primeira o estudante está acostumado a ter a presença do professor, no ensino remoto é importante revisar esse entendimento, já que a plataforma está lá para registrar o ensino, mas não substitui o professor. Por isso é preciso ter menor dependência do docente.

Considerando os riscos acadêmicos de não se manter o foco no EaD, listamos algumas habilidades e hábitos cruciais ao estudante que opta por estudar remotamente.

1. Ter um ambiente de estudos adequado

É comum que pessoas que desejam estudar à distância imaginarem que a maior flexibilidade da modalidade possa permitir uma total ausência de controles com relação à disciplina no ensino. Mas estudar em qualquer lugar não significa estudar em qualquer ambiente.

Salvo exceções, o aluno que opta por essa modalidade precisa se organizar e providenciar um ambiente de estudos, com todas as características necessárias para se manter o foco no EaD. Isso inclui ambiente calmo, silencioso e confortável.

É importante selecionar um ambiente adequado em casa ou no trabalho, com equipamentos corretos, poltrona confortável, iluminação adequada e bem arejado. Um ambiente mais em contato com a natureza, se possível, também colabora para o melhor rendimento acadêmico.

2. Estar atento à conectividade e dispositivos eletrônicos

Parece básico, mas os equipamentos adequados podem fazer toda a diferença quando o objetivo é manter o foco no EaD. Isso porque um dispositivo eletrônico como um computador – seja de mesa ou notebook – ou um tablet, quando não bem configurado, desatualizado, ou com defeito pode facilmente minguar qualquer rotina de estudos.

O importante manter dispositivo adequado, com boas configurações, navegação fácil e rápida, softwares de apoio e câmera de qualidade. Além disso, esse dispositivo deve estar sempre à disposição imediata do acadêmico, com o cuidado ao utilizá-lo também para fins não educativos.

Em casos de uso de telefones celulares, é preciso estar atento para que seu manuseio não atrapalhe a rotina de estudos com distrações de redes sociais e notificações diversas, sendo recomendado silenciar esses aplicativos durante o período. Para algumas pessoas a melhor opção poder ser mesmo evitar seu uso como um todo.

Outra questão importante é a conexão à internet, que deve ser de velocidade e estabilidade adequados. Qualquer problema de conectividade pode trazer fortes prejuízos à rotina acadêmica.

3. Criar uma rotina

Se a flexibilidade é uma das vantagens do ensino a distância, a previsibilidade é amiga do bom rendimento acadêmico, ao menos em relação à rotina. Para manter o foco no EaD é crucial ter uma rotina de estudos adequada às necessidades acadêmicas, pessoais e profissionais do estudante.

Por isso, reservar um horário específico dentro de uma rotina bem estruturada é essencial para se conseguir cumprir os requisitos acadêmicos, além de adaptar-se às necessidades do dia a dia. Isso se torna ainda mais relevante quando se nota a exigência da maior disciplina na modalidade remota, já que não há a imposição da presencialidade.

4. Acompanhar a grade de aulas e trabalhos

Manter uma rotina de estudos e revisões da matéria é fundamental, mas acompanhar a grade de aulas é imprescindível. Se houver possibilidade de acompanhar as aulas ao vivo, mesmo quando não obrigatório, os resultados podem ser ainda melhores. Além disso, estar atento ao cronograma de aulas é crucial para o devido acompanhamento das matérias.

A interação durante as aulas, que já é muito importante na modalidade presencial, torna-se ainda mais relevante no EaD, pois ajuda no foco e nas dinâmicas de aprendizagem, e demonstra ao professor o interesse e a atenção pelo conteúdo.

O mesmo vale para os trabalhos e outras atividades, que precisam ser entregues nas datas estipuladas, assim como provas e avaliações. Participar de fóruns e monitorias, e buscar tutoriais também fazem a diferença.

5. Reunir as dúvidas

Ao contrário da modalidade presencial, em que as dúvidas que surgem em sala podem ser diretamente resolvidas pelo docente, no ensino remoto isso nem sempre é uma realidade. Além da distância do professor, nesse modelo de ensino as atividades e trabalhos fora das aulas ganham ainda mais protagonismo.

Por isso, para manter o foco no EaD, é essencial que o estudante anote suas dúvidas que surgirem, e esteja em contato com o docente sempre que possível. Esse hábito auxilia bastante no aprendizado, e ajuda a não acumular problemas que podem se tornar bolas de neve no futuro. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)

4 implicações do consumo de ultraprocessados na rotina de estudos

4 implicações do consumo de ultraprocessados na rotina de estudos

Consumo de alimentos industrializados têm prejuízos que vão além da saúde física, e afetam rendimento acadêmico

O consumo excessivo de alimentos ultracalóricos tem deixado médicos, nutricionistas e pesquisadores em alerta, dado aos prejuízos já comprovados de uma dieta hipercalórica na saúde física. Mas o que recentemente começou a ser revelado pelas pesquisas são os efeitos dessa dieta também nas áreas neurológica e mental, com implicações no consumo de ultraprocessados na rotina de estudos.

A questão não é exatamente simples. Os alimentos manipulados industrialmente, com excesso em açúcar, sal, gorduras e elementos químicos e sintéticos como corantes e conservantes afeta diretamente nosso cérebro. Assim, há implicações no consumo de ultraprocessados na rotina de estudos em todas as faixas etárias. Só que os mecanismos por trás disso ainda não são bem esclarecidos.

Falar sobre a ingestão de alimentos saudáveis como frutas e verduras, grãos, castanhas, azeite de oliva, ovos e muitos outros e associar esse consumo a melhores rendimentos de alunos é comum, mas abordar os prejuízos do consumo de ultraprocessados na rotina de estudo ainda é raro, e desconhecido por muitos.

A desconexão entre as fontes do alimento e quem os consome, a rotina cada vez mais acelerada e a perda do hábito de cozinhar vem turbinando os ultraprocessados na mesa dos brasileiros. De acordo com um estudo da USP de 2022, esses alimentos – ricos em calorias e pobres em questões nutricionais – já compõem uma média de 30% da ingestão diária de calorias o Brasil.

A nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição da UniBRAS Rio Verde, Daiane Costa dos Santos, explica que os riscos do consumo de ultraprocessados na saúde cognitiva e mental são diversos, mas os mais percebidos estão relacionados a memória, atenção e aprendizado, isso devido a inflamações e estresse oxidativo no cérebro.

“Esses alimentos causam uma inflamação sistêmica, um estresse oxidativo que afeta negativamente o cérebro. Há uma prevalência de dificuldade de memória e aprendizado, especialmente em crianças e idosos. Já temos dados que demonstram isso, com evidência científica”.

A especialista argumenta que esse tipo de prejuízo é fortemente perceptível em crianças com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e também em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela também diz que os prejuízos na saúde mental são desencadeados pela alta concentração de ácidos simples, gorduras trans, açúcar e aditivos, que estão relacionados a sintomas ansiosos e depressivos.

“Um outro fator está ligado a alteração na microbiota intestinal. Já se sabe que grande parte da produção de serotonina está no instestino. Quando se consome muito ultraprocessados, essa microbiota é alterada, o que pode afetar a produção desse neurotransmissor e causar prejuízos diretos no humor e no bem-estar mental”, explica.

Cientes de que manter uma rotina de estudos equilibrada é essencial para o melhor rendimento acadêmico, deixamos abaixo 4 consequências do consumo de ultraprocessados na rotina de estudos.

1. Prejudica o desempenho cognitivo

Um dos traços cognitivos mais importante para um estudante é ter boa memória. E é exatamente nesse ponto que os ultraprocessados podem afetar mais os estudos. Em uma grande pesquisa com mais de 30 mil pessoas desenvolvida pela universidade de Harvard e divulgados pela revista Neurology em 2024, constatou-se que o consumo de ultraprocessados tinha efeito direto no comprometimento cognitivo dos participantes.

Acompanhando pessoas dos mais variados perfis demográficos por 11 anos, os pesquisadores verificaram que um aumento de 10% na ingestão de ultraprocessados acrescentava em até 16% o risco de comprometimento cognitivo, especialmente a memória. Um outro estudo de 2022 coordenado pela USP e outras cinco universidades brasileiras mostrava resultados semelhantes.

Na pesquisa brasileira, pessoas que consumiam mais de 20% do total energético diário em alimentos ultraprocessados tinham mais riscos de sofrer declínio cognitivo acentuado. O estudo acompanhou 11 mil pessoas em seis capitais brasileiras entre 2008 e 2017.

2. Favorece o desenvolvimento de insônia crônica

Ainda não se sabe bem como, mas o consumo de alimentos ultraprocessados está relacionado ao desenvolvimento de insônia crônica. Foi o que mostrou um estudo em parceria entre as universidades de Sorbonne, na França, e de Columbia, nos EUA. Reunindo mais de 38 mil franceses, o estudo relacionou o maior consumo de alimentos ultracalóricos a maior ocorrência de doenças do sono.

Um outro estudo da universidade sueca de Uppsala e coordenado pelo pesquisador brasileiro Luiz Brandão, já indicava que o consumo desses alimentos estava por trás de dificuldades em atingir um sono reparador.

Considerando o papel de uma boa higiene do sono para um bom rendimento escolar, é fácil entender o impacto do consumo de ultraprocessados na rotina de estudos.

3. É prejudicial à saúde mental

Sem uma boa saúde mental não há projeto acadêmico que se mantenha de pé, e a dieta rica em industrializados também não ajuda nesse ponto. De acordo com um estudo da USP divulgado em fevereiro desse ano, o alto consumo desses alimentos na dieta favorece em até 58% a incidência de depressão resistente, isto é, casos em que a o paciente não reage de maneira satisfatória aos fármacos tradicionais.

Para além da ausência de nutrientes importantes para o bom funcionamento do corpo, como fibras, vitaminas e antioxidantes, os colorantes, conservantes, espessantes e outros produtos sintéticos presentes nos ultraprocessados estariam relacionados a processos inflamatórios, favorecendo a depressão.

Um estudo publicado na revista Nutrients em 2023 relacionava esses alimentos a 44% de risco maior em depressão – com diferentes tipos de gravidade, 48% maiores chances de sintomas de ansiedade, além de maior incidência em casos de demência.

4. Eleva as flutuações do açúcar no sangue

A concentração é um fator chave a quem deseja se debruçar sobre os livros, e de novo os industrializados não ajudam. Isso porque uma dieta sem o devido equilíbrio de calorias e nutrientes eleva a incidência das flutuações no nível de glicose na corrente sanguínea, o que afeta diretamente a capacidade cognitiva.

Essas flutuações podem ser mais simples, com pequenos incômodos na capacidade de concentração, ou podem ser mais complexas, provocando hipoglicemia ou hiperglicemia – baixo e alto nível de açúcar no sangue, respectivamente.

Dessa forma, fica evidente as consequências do alto consumo de ultraprocessados na rotina de estudos, já que essas condições induzem a sintomas como fraqueza, sonolência, confusão mental ou mesmo perda de consciência. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)

5 dicas para elaborar seu currículo para estágio 

5 dicas para elaborar seu currículo para estágio 

O pontapé inicial para uma carreira de sucesso passa por um currículo que apresente o estudante de forma coesa e fisgue a atenção das empresas 

Parte fundamental da graduação universitária passa pelo estágio, a primeira experiência do estudante no ambiente profissional. Lá o aluno tem espaço aberto e seguro para aprender na prática, errar e questionar. Mas para ter acesso a esse ambiente é preciso antes ser selecionado por uma empresa. Por se tratar de uma experiência nova, muitos universitários se sentem inseguros e não sabem como fazer um currículo para estágio. 

Não é tarefa simples se apresentar para o mercado profissional, e os processos seletivos podem ser complexos e concorridos. No entanto, com o currículo para estágio bem preenchido, as chances de ser efetivado são consideravelmente mais altas. Isso demonstra o poder que um bom currículo tem no processo seletivo. 

A coordenadora de Gente e Gestão do Ecossistema BRAS Educacional, Thais de Paula, explica que há regras básicas e diferenciais que destacam o candidato no processo seletivo. “Há os dados básicos de praxe, a formação acadêmica e os cursos complementares. Outra informação muito válida é se houve participação em algum projeto da instituição que cursa. Isso pode ser um diferencial competitivo”, revela.   

Considerando o início de semestre como um dos melhores momentos para buscar uma nova oportunidade, deixamos abaixo 5 dicas para elaborar um bom currículo para estágio. Como existem regras básicas a todos os currículos – cabeçalho, fontes legíveis, informações mais recentes primeiro e agrupar tudo em apenas uma página – vamos focar aqui no conteúdo desse material.  

  1. Evidencie seu objetivo 

Seu cartão de visitas para o recrutador, o objetivo profissional tem a responsabilidade de descrever quem você é e deixar claro o que você busca. A finalidade é que a empresa já saiba de início seu perfil e o que procura. 

Uma boa dica é se descrever como estudante universitário, colocar seu curso e os seus objetivos com o estágio, que passam pelas áreas que deseja atuar e objetivo de aprender e se desenvolver profissionalmente – a grande finalidade do estágio. 

Mas isso tudo de forma resumida, sem textos enormes, e de preferência que não ultrapasse duas linhas. É como se fosse a descrição que você coloca no seu perfil de redes sociais, só que com perfil profissional. 

  1. Destaque sua formação 

Se você busca um estágio, é óbvio que está em formação. Por isso, é extremamente importante deixar clara sua formação universitária, com o nome da instituição, curso, início e previsão de encerramento da graduação.  

Outros cursos, como possíveis formações anteriores, também são muito relevantes. Além disso, os cursos técnicos e complementares são fortes atrativos. Sua formação no ensino médio também pode ser válida. 

  1. Invista nas suas habilidades 

Nem só de cursos relativos à sua área de formação se trata o currículo para estágio. Existem habilidades universais que todas as empresas buscam. Um nível avançado de Excel, por exemplo, é um bom destaque.  

Outra habilidade que pode fazer brilhar os olhos do seu recrutador são os idiomas estrangeiros. Inglês e espanhol são os mais comuns, mas outros idiomas também são forte diferencial, por isso vale destacá-los. 

Com sua experiência na área de seleção, Thais de Paula argumenta que hoje são extensas as possibilidades de se expandir as atividades profissionais por meio de plataformas digitais. “Pode-se investir em cursos de curta duração, porque hoje há várias formações gratuitas e que agregam conhecimento”, explica a profissional. 

  1. Atividades extracurriculares e outras experiências profissionais 

Lembre-se que outras experiências profissionais podem ser forte diferencial no processo seletivo. Se você já teve uma experiência anterior com estágio, não deixe de destacá-la. Outras atividades profissionais desempenhadas fora da área de formação também são importantes, já que demonstram possível amadurecimento profissional. 

Mas tendo experiências profissionais ou não, as atividades extracurriculares desempenham um papel extremamente relevante para destacar você na seleção. Elas demonstram que você se dispôs a participar de uma atividade de formação voluntariamente, sem obrigações de cumpri-las. 

Thaís explica que essas atividades agregam forte valor ao currículo para estágio. “Valorizo muito, durante o processo de triagem, as formações extracurriculares, e se houver algum envolvimento em projetos acadêmicos. Isso demonstra que estudante tem pró-atividade”.  

  1. Revisar antes de enviar 

Parece básico, mas revisar o currículo para estágio é extremamente importante. Além de ser um material crucial no processo de seleção, que funciona como apresentação pessoal, o currículo também agrega muitas informações, o que pode induzir a erros.  

Os erros gramaticais são muito comuns de serem encontrados em currículos, muitas vezes não por falta de conhecimento, mas justamente por desatenção ou erros de digitação. Outro erro comum são os de formatação, que podem desconfigurar os textos. Erros como esses geralmente são fatais nas seleções.  

Outras informações que merecem atenção são as datas e outros dados de formação e experiências profissionais. Lembre-se que o recrutador estará atento a tudo que você fornecer como informação, e caso não haja clareza, ou mesmo existam inconsistências, ele não deve classificar seu currículo de estágio para etapas de posteriores.

(Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional) 

5 fatos sobre o TDAH que talvez você não saiba

5 fatos sobre o TDAH que talvez você não saiba

Mais que apenas dificuldades de concentração, transtorno afeta pessoas em vários aspectos da vida pessoal, incluindo a aprendizagem

Se você está com dificuldade em manter uma rotina de estudos, se vê facilmente distraído e se esforça para ter concentração, isso não necessariamente significa que você tenha Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mas vale se atentar aos sinais. É que por trás de uma onda de autodiagnósticos baseadas em informações duvidosas nas redes, há muitos fatos sobre o TDAH que passam despercebidos.

Com uma alta incidencia genética, prejuízos em vários aspectos da vida pessoal e características na maioria das vezes perceptíveis na escola, o TDAH tem uma incidência estimada entre 5% a 8% da população mundial, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). Alguns tem o transtorno mais voltado para a desatenção, outros para o comportamento inquieto e impulsivo, e outros do tipo misto.

Um dos fatos sobre o TDAH é que grande parte da população acredita que o transtorno só atinja crianças, o que não é correto, já que muitos adultos sofrem com a doença. O que acontece é que geralmente esses sintomas são mais perceptíveis em pessoas em idade escolar. Há também pessoas em que o TDAH deixa de se manifestar na fase adulta, enquanto outros só descobrem a condição nessa idade.

Muitos aspectos e fatos sobre o TDAH seguem desconhecidos por grande parte das pessoas, e informações desencontradas e sem fundamentos científicos e profissionais seguem rondando a internet, sendo cada vez mais comum casos de autodiagnósticos e uso absusivo de medicamentos. Também é importante entender que a condição não determina o histórico acadêmico de uma pessoa.

A psicóloga e docente da UniBRAS Montes Belos, Suzy Souza, alerta que embora o transtorno cause inconvenientes reais no processo educacional, ele não deve ser interpretado como uma barreira permanente nos estudos, mas sim como um obstáculo a ser superado com estratégias pedagógicas específicas, acompanhamento com profissional de saúde mental e postura ativa.

“Embora o TDAH apresente desafios reais no processo de ensino-aprendizagem, ele não define o potencial de um estudante. Muitas vezes vemos alunos e pais usando o transtorno como uma forma de isenção de esforço, quando na verdade o desenvolvimento é possivel com o apoio adequado”, aponta a profissional.

Entre os sintomas e fatos sobre o TDAH que a docente afirma como mais comuns estão a dificuldade com atenção e concentração, problemas com organização e

planejamento, impulsividade, baixa auto estima, frustração, memória operacional prejudicada, e em alguns casos hiperatividade.

“O mais importante é cultivar a consciência de que o transtorno exige adaptações, mas não exime responsabilidades. Necessita-se atenção, não superproteção. Quando há diálogo e orientação, o TDAH deixa de ser um limitador e passa a ser apenas uma característica a ser administrada”.

Com a relevância da temática no cenário acadêmico, e também com o objetivo de esclarecer mais sobre o transtorno e combater a desinformação, listamos abaixo 5 fatos sobre o TDAH enfrentados por quem tem a condição que talvez você não saiba.

1. Procrastina como escape das dificuldades de concentração

Um dos fatos sobre o TDAH mais comuns é a dificuldade em levar projetos a frente, sejam profissionais ou pessoais. E não se trata somente de tarefas mais complexas, mas também coisas simples, como terminar de ler um livro já iniciado, por exemplo. Muitas vezes essa procrastinação vem após episódios de profundo entusiasmo com a atividade, seguidos por forte desinteresse.

Para além de uma comum falta de disciplina, essa característica também tem a ver com dificuldades de organização, manutenção do foco, gerenciamento de tempo e adequado controle emocional. A ausência desses traços, chamados de funções executivas, corroem boa parte das metas estabelecidas por esse indivíduo, levando a uma profunda frustração.

As saídas mais simples podem ser estipular metas mais acessíveis e realistas, separar um tempo razoável para cumprir atividades importantes no dia a dia, além de fixar lembretes visuais pelo ambiente doméstico ou laboral.

2. Não gosta de rotina, mas precisa muito dela

Se há um dos fatos sobre o TDAH que parecem mais contraditórios e polêmicos é sua relação com a rotina. Isso porque pessoas com o transtorno têm grandes dificuldades para cumpri-la, alegando tédio ou cansaço com mais frequência. Vale estacar que a impulsividade é um denominador comum para quem tem TDAH, com uma necessidade maior em ter rápidas recompensas ao realizar atividades que exigem maior esforço.

Por outro lado, estabelecer uma rotina equilibrada, com períodos de tempo de trabalho ou estudos adequados, junto a outros períodos reservados a atividades livres é uma das maneiras mais simples para superar os prejuízos do transtorno. Por isso, muitos vivem uma relação cíclica de amor e ódio com a rotina, variando entre o cumprimento e descumprimento de tarefas e tendo graves prejuízos com esse comportamento.

Mas como implementar com sucesso uma rotina se há uma grande resistência a ela? Os especialistas explicam que a melhor maneira de vencer esse círculo vicioso é

entender suas maiores necessidades pessoais, profissionais e acadêmicas, e organizar uma grade realista de horários, com rotina previsível e constante.

Nesse sentido, é importante que o indivíduo alterne horários estabelecidos para trabalhar e estudar, com outros horários de lazer e descanso. A alimentação adequada e atividades físicas são chaves para o sucesso dessas medidas. É importante ainda ter um espaço limpo, silencioso e organizado de estudos – além de sempre dividir as tarefas em etapas menores.

3. Pode se beneficiar de métodos de estudo alternativos

Se estudar de maneira tradicional não gera grandes resultados, pode ser hora de buscar metodologias pedagógicas alternativas. Técnicas como o método pomodoro, em que o estudante intercala períodos curtos de estudo com pausas regulares, ou a técnica Feyman, em que se revisa o conteúdo estudado “ensinando” a outra pessoa costumam funcionar entre pessoas com TDAH.

Outros recursos que auxiliam bastante no processo de foco e memorização são a prática de resumos, o uso de flashcards e lembretes visuais, os mapas mentais e organogramas.

4. Precisa se atentar ao uso de medicamentos

Como qualquer tipo de medicamento psicotrópico, o uso de substâncias para aliviar o sintomas do TDAH podem ter enorme sucesso no tratamento, mas devem sempre ser introduzidos e retirados com cuidado e acompanhamento de um médico. É esse profissional que tem o conhecimento específico sobre as vantagens e ricos desses medicamentos, e pode administrá-los com segurança.

Medicações como o metilfenidato, lisdexanfetamina e o cloridato de atomexina são algumas das substâncias mas receitadas pelos médicos para o TDAH, com diversos nomes comerciais. No entanto, quando utilizados de forma abusiva, podem levar a dependência química e outros efeitos colaterais psicológicos e físicos graves.

A comunidade médica tem notado inclusive um aumento no abuso desses medicamentos, mesmo entre pessoas que não tem o transtorno diagnosticado. Com o avanço da autodiagnosticação e a automedicação, o uso dessas substâncias requer especial atenção por parte da comunidade acadêmica.

5. Só pode ser diagnosticado por um profissional

A internet pode ser uma fonte de alerta e informação importante, mas um dos fatos sobre o TDAH é que simplesmente alguns sintomas como desatenção constante, dificuldade em levar adiante rotinas diárias e impulsividade não são suficientes para diagnosticar o transtorno.

Além desses sintomas poderem estar presentes em outros diagnósticos de transtornos mentais, eles também podem ser resultados de um estilo de vida acelerado, muito atarefado ou do abuso de dispositivos eletrônicos – comportamentos muito comuns hoje em dia. O certo é que só um profissional de saúde mental é capaz de reunir as queixas e dificuldades de um indivíduo e estabelecer um diagnóstico ou não.

Entre os profissionais adequados para fazer essa análise estão psicólogos, psiquiatras e neurologistas. Assim, em caso de suspeita do TDAH, o primeiro passo a seguir é buscar ajuda profissional. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)

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