Bebida utilizada para manter o foco e disposição é ultraprocessada, e pode causar vários prejuízos à saúde
Não é raro encontrar pessoas que fazem o uso diário de bebidas energéticas. Com uma rotina pesada, o cansaço é um acompanhante impertinente do nosso dia a dia, e pode facilmente sabotar nosso desempenho em qualquer atividade que demande mais concentração. É nesse cenário que muitos adotam como aliado o energético na rotina de estudos.
Mas os riscos de manter de forma diária o energético na rotina de estudos podem trazer muito mais prejuízos que vantagens. Um dos principais problemas associados aos energéticos é o elevado teor de açúcar, presente na maioria das formulações comerciais. Estudos relacionam o consumo excessivo de açúcar a diversos problemas de saúde, incluindo obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Outro componente crítico é a cafeína, muitas vezes em concentrações muito superiores às encontradas no café ou no chá. O consumo excessivo de energéticos na rotina de estudos pode estar relacionado a palpitações cardíacas, insônia, ansiedade e até mesmo casos mais graves, como arritmias cardíacas. Além disso, a presença de ingredientes adicionais, como taurina e guaraná, também deve gerar alerta, com a interação entre esses componentes podendo gerar pressão adicional sobre o sistema cardiovascular e nervoso.
A nutricionista e docente do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos, Leonora Francisca, alerta que manter o uso frequente do energético na rotina de estudos não é recomendado. “A combinação de alta concentração de açúcar, cafeína e outros estimulantes presentes nos energéticos cria um coquetel que, quando consumido em excesso, pode ter implicações sérias para a saúde a longo prazo”,explica.
No entanto, é compreensível a busca por bebidas energéticas para auxiliar em atividades que exigem mais concentração. A boa notícia é que existem sim alternativas saudáveis! Recomendadas pela nossa especialista, elaboramos uma lista com 5 opções saudáveis para retirar o energético da rotina de estudos. Seguem abaixo:
Chá-verde
Fortemente consumido nos países asiáticos, o chá-verde é uma excelente alternativa para quem busca retirar o energético da rotina de estudos. Além disso, há várias opções de blends que acompanham o chá verde, com versões com limão e outras fruta,s e também o matchá, uma espécie de chá verde em pós elaborado segundo uma técnica japonesa em que as folha são secas e depois moídas, podendo ser consumido inclusive com leite.
De acordo com Leonora, o chá-verde tem sido extensivamente pesquisado pela sua riqueza em antioxidantes e cafeína. “Estudos evidenciam não apenas os efeitos estimulantes do chá-verde, mas também seus benefícios à saúde. Antioxidantes presentes na bebida contribuem para a proteção celular, destacando-a como uma alternativa promissora”.
Café
O clássico não sai de moda. O cafezinho tipicamente brasileiro também é uma excelente opção quando o assunto é não mais utilizar o energético na rotina de estudos. O clássico estimulante também recebe atenção significativa na literatura científica. Seu diferencial em relação à bebida ultraprocessada é que aqui a concentração de cafeína por quantidade ingerida é menor, trazendo menos riscos.
Vale lembrar que existem infinitas possibilidades de se consumir a bebida. É importante estar atento, no entanto, às quantidades e também a maneira que está sendo consumido, já que bebidas com muitos açúcares, por exemplo, também trazem prejuízos à saúde.
A docente explica que vários estudos exploram os mecanismos pelos quais o café, quando consumido sem excessos de açúcar e creme, pode oferecer benefícios à saúde, inclusive a pessoas que não estejam necessariamente interessadas nos efeitos energéticos da bebida, como aquelas em tratamentos quimioterápicos, que relataram diminuição nas náuseas induzidas pelos medicamentos.
Erva-mate
Seja como chimarrão do sul do Brasil, o mate nos vizinhos Paraguai, Uruguai e Argentina; ou por meio do tereré, bem comum no interior do estado de São Paulo e no Mato Grosso do Sul, a erva-mate é uma excelente alternativa para quem busca não recorrer ao energético na rotina de estudos. De origem indígena, a erva tornou-se parte fundamental da rotina dos habitantes de várias regiões da América do Sul, e é energética, excelente para acompanhar atividades diárias que exigem disposição e estar desperto.
A bebida tem sido objeto de estudo de várias pesquisas na área nutricional. Os resultados sugerem que ela só fornece cafeína, mas também exibe propriedades benéficas à saúde, como ajuda no emagrecimento, auxilia no humor, e tem efeitos no controle do colesterol ruim e diabetes.
Vale lembrar que, assim como o café, a erva-mate também pode ser consumida de várias maneiras, mas tem maiores benefícios quando não acompanhada de açúcar.
Gengibre
O gengibre, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, também emerge como uma alternativa estimulante. De sabor controverso – há quem ama e quem deteste – a raíz pode ser um acompanhante diário de quem deseja substituir o energético na rotina de estudos.
Podendo ser consumido tanto em alimentos quanto em bebidas, como chá e suco, ele também pode ser acompanhado de outros alimentos. Nos caso dos sucos, por exemplo, pode ser consumido com frutas.
“Pesquisas indicam que o gengibre pode contribuir para o aumento de energia, além de fornecer outros benefícios para a saúde”, afirma Lionora.
Água de coco
Parece estranho, mas a água de coco pode ser incluída nessa lista. Isso porque, mesmo sem cafeína, vários estudos já demonstraram que a bebida é uma escolha hidratante e repleta de eletrólitos, o que auxilia fortemente numa rotina de estudos diária.
Também podendo ser consumida de várias maneiras e com outros alimentos como frutas, a água de coco tem a capacidade de auxiliar na reidratação, a tornando uma opção refrescante para momentos em que a hidratação é essencial para manter a vitalidade.
Importante novamente destacar que, para ser uma alternativa saudável, a bebida deve ser consumida sempre, sem consumo excessivo de açúcares ou outros alimentos ultraprocessados.
“Ao optar por essa e outras bebidas, os estudantes podem potencialmente melhorar sua energia e concentração, ao mesmo tempo em que promovem a saúde no geral. Entretanto, é crucial lembrar que o consumo deve ser equilibrado e individualizado, levando em consideração as necessidades específicas de cada pessoa”, alerta a professora.
(Texto: Bruno Correa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)
Elas são menos de 30% do corpo científico mundial, mas estão dispostas a mudar esse cenário
Meninos não choram, meninas são delicadas. Homens trabalham fora, enquanto mulheres cuidam da casa. Meninos de azul, meninas de rosa! Essas dicotomias foram ensinadas de geração em geração, e deixaram marcas profundas. Uma delas foi nas escolhas profissionais. Pesquisas populacionais evidenciam uma maior presença feminina em profissões consideradas “sensíveis”, enquanto maior engajamento masculino em exatas e ciências. O resultado desse quadro é um esvaziamento na presença de mulheres na ciência, fato que reflete diretamente na produção científica mundial.
É evidente que todos podem optar pela profissão com maior afinidade. A questão é quando há pressões sociais que influenciem essa escolha. Desde a ausência de estudos cruciais sem a menor participação de mulheres, seja do lado do pesquisador ou dos pesquisados; até uma forte disparidade salarial, o vazio feminino nas áreas de pesquisa e desenvolvimento científico resulta em fortes prejuízos sociais. De olho nessa discrepância, o Unicef instituiu, em 2015, o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. O objetivo é alertar e despertar reações para que tenhamos cada vez mais mulheres na ciência, revertendo o cenário atual.
Resumidas por meio da sigla com iniciais em inglês STEM – Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, essas áreas são de crucial importância para terem uma maior presença feminina, com foco em diminuir a desigualdade entre homens e mulheres. Apesar das mulheres serem maioria na Educação em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil, elas ainda não têm suficiente representatividade nessas áreas específicas, sejam com atuação profissional ou de pesquisa. Isso se torna ainda mais relevante quando, de acordo com estudos do próprio Unicef, as STEM ocuparão 75% dos postos de trabalho em 2050.
Áreas como arquitetura, comunicação e estudos linguísticos são majoritariamente preenchidas com profissionais femininos; enquanto as engenharias, física e química mostram um forte efetivo de homens. Assim, para que alcançar a maior isonomia entre os gêneros, com cenário de maior independência financeira e melhor distribuição de renda, bens e serviços, é indispensável a presença de mulheres na ciência.
Importante notar também que o dia instituído pelo Unicef faz uma clara referência às meninas. Isso é reflexo dos estudos realizados sobre o tema, que mostram que essa pressão assumida sobre suas escolhas vocacionais começa a ser exercida ainda na infância e adolescência. Nesse caso, torna-se importante o incentivo ao conhecimento das profissionais e a maior liberdade dada às pequenas, que na fase adulta serão peças fundamentais da maior presença de mulheres na ciência.
Cientes da nossa missão institucional como educadores, e também orgulhosos da presença feminina em nosso corpo docente e discente, angariamos aqui duas histórias de docentes do Ecossistema BRAS Educacional que atuam diretamente na área da pesquisa. Nossa intenção é refletir sobre nosso papel e incentivar a presença feminina em todos os nichos do conhecimento e profissionais. Abaixo temos relatos de mulheres na ciência!
No último dia 26 de janeiro, o Centro Universitário UniBRAS Montes Belos celebrou um momento significativo para a instituição e a comunidade local: a inauguração da tão aguardada Clínica de Odontologia. O evento contou com a presença de autoridades acadêmicas, professores, alunos e membros da comunidade, marcando o início de uma nova era para a formação em odontologia na região.
A cerimônia de inauguração foi conduzida pelo Reitor da instituição, Antônio Florentino, que expressou sua satisfação em ver a concretização desse projeto. Ele destacou a importância da clínica não apenas como um espaço de aprendizado para os alunos do curso de Odontologia, mas também como um serviço valioso para a população local.
A Clínica de Odontologia UniBRAS Montes Belos é equipada com tecnologia de ponta e oferece uma ampla gama de serviços odontológicos, proporcionando aos estudantes a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula na prática clínica. Além disso, a comunidade terá acesso a atendimentos de qualidade, promovendo a saúde bucal na região.
Antônio Florentino ressaltou que a clínica é um reflexo do compromisso da instituição com a excelência acadêmica e o impacto positivo na sociedade. “Estamos investindo não apenas em infraestrutura, mas na formação de profissionais capacitados e conscientes de sua responsabilidade social”, afirmou o Reitor.
O Centro Universitário UniBRAS Montes Belos reafirma seu compromisso com o desenvolvimento educacional e comunitário, proporcionando oportunidades de aprendizado prático e contribuindo para o bem-estar da população local através da Clínica de Odontologia.
A nova clínica representa mais um passo na consolidação do UniBRAS Montes Belos como referência em educação e saúde na região. A instituição continua focada em oferecer uma formação de qualidade, aliando teoria e prática para preparar profissionais competentes e comprometidos com o serviço à sociedade.
Nesta última semana, o Centro Universitário UniBRAS Montes Belos foi palco do VII Encontro Integrado de Formação Docente, um evento marcante que reuniu todos os docentes da IES. Com um clima de interação, comunicação e busca por conhecimento, o encontro proporcionou um ambiente propício para a troca de experiências e o aprimoramento das práticas pedagógicas.
Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de participar de momentos inspiradores e discussões construtivas sobre as tendências e desafios atuais no campo da educação. O encontro não apenas fortaleceu os laços entre os profissionais de ensino, mas também estimulou a reflexão sobre novas abordagens e metodologias de ensino.
A UniBRAS, comprometida com a qualidade acadêmica e o desenvolvimento contínuo de seus docentes, reforça a importância desses encontros como um meio fundamental para aprimorar a prática educacional, alinhar estratégias pedagógicas e promover uma educação de excelência.
O VII Encontro Integrado de Formação Docente foi mais uma iniciativa que reforça o compromisso do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos em proporcionar um ambiente de aprendizado significativo, contribuindo para a formação integral e o sucesso dos nossos alunos. Agradecemos a todos os participantes pelo engajamento e pela construção coletiva desse momento enriquecedor para a nossa comunidade acadêmica.
Se o planeta está em desequilíbrio e a educação é a resposta, educadores não podem mais ignorar a questão socioambiental
Parece utópico, quase impossível, insolucionável. Mas enquanto do ponto de vista político e social as mudanças climáticas ainda não são um consenso, do ponto de vista científico não há espaço para dúvidas. Se a sociedade ainda não está convencida, e menos ainda preparada para enfrentar o problema, as instituições de ensino têm um papel chave nessa dinâmica. É por isso que tem sido cada vez mais discutido os enlaces da educação em sustentabilidade. Para especialistas, a educação é imprescindível para reverter essa realidade.
Nos últimos anos, o clima tem demonstrado que há um desequilíbrio em processo. Ondas de calor ou frio em intensidades nunca vistas, secas e enchentes inéditas ou em locais inusitados, tempestades com frequência e força jamais registradas. Para os defensores de que a consciência ambiental é puro alarmismo há cada vez mais dificuldade em defender hipóteses apocalípticas. Para além da educação em sustentabilidade, o ser humano está enxergando na prática as consequências de seus hábitos, comportamentos e escolhas.
Pouco antes de 2023 terminar, o Copernicus – Programa da União Europeia de Observação da Terra – já alertava que as médias registradas até então mostravam que o ano finalizaria como o mais quente da história, estando quase 1,5°C acima da média. Esses dados coincidem com as ondas de calor que assolaram o território brasileiro na primavera de 2023, trazendo recordes de temperatura em várias regiões do país.
No entanto, segundo levantamento do grupo de monitoramento de notícias falsas sobre a mudança climática, o Stop Funding Heat, notícias negacionistas receberam entre 800 mil e 1,3 milhão de cliques diários no Facebook em 2021, sendo que a maioria esmagadora delas não foi checada pela rede social. No mundo inteiro, políticos dos mais variados espectros ideológicos seguem sendo negacionistas climáticos, utilizando argumentos falsos para acumular ganhos eleitoreiros – como o falso antagonismo entre medidas climáticas e o bom desempenho econômico – e assim barrar iniciativas de sustentabilidade em seus governos.
É nesse cenário de tantos paradoxos que os ativistas climáticos insistem fortemente na necessidade de educação em sustentabilidade. Essa tarefa de caminho tortuoso delegada às instituições de ensino e seus educadores deve ser, portanto, muito bem executada para que se tenha efetividade. Para entender melhor essas nuances, conversamos com dois especialistas da área, acompanhando como o assunto deve ser abordado, e assim reverter as mudanças climáticas e salvar a existência da vida humana e de outras espécies.
A percepção dos educadores
Embora a educação em sustentabilidade esteja em alta como novos desafios das instituições de ensino, ela não é novidade. Prova disso é que o Ministério da Educação tem, desde 1999, suas diretrizes sobre a educação ambiental, a Lei 9.795. Ela estabelece as principais temáticas e enfoques que os educadores devem ter ao trabalhar o assunto em todos os níveis de ensino, desde os iniciais até o ensino superior. A legislação também indica a educação de forma não-formal, isto é, fora das instituições de ensino, por meio de campanhas educativas, entre elas o Junho Verde.
A bióloga e docente do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos, Lilian Regina, é enfática ao afirmar que o principal recurso para reverter a mudança climática é a educação. Ela argumenta que sem uma consciência sobre a dimensão do problema, daremos inúmeras voltas ao redor de discussões radicais que demonizam o desenvolvimento econômico em detrimento ao ambiental, como se eles fossem antagônicos, e que na realidade não são.
“Sem educação ambiental efetiva, em todo o seu contexto político, de cidadania e pertencimento, não avançaremos numa discussão que ultrapasse a utopia de países ricos negociarem créditos de carbono, enquanto países menos desenvolvidos economicamente esmagam seus valores sociais em detrimento da ‘preservação ambiental’”, provoca.
Para a docente, é preciso discutir educação ambiental em seu contexto político. Dessa forma, ela indica que aborda temas como consumo consciente, práticas sustentáveis de manejo e produção agropecuária, Agenda 21, entre outros. Segundo Lilian, seu objetivo é trazer à luz da discussão contextos sociais e políticos como agentes de transformação para a sustentabilidade em harmonia com o desenvolvimento econômico, relativizando os conflitos atuais entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Mas ela garante que, ainda assim, a tarefa não é fácil.
“É difícil discutir assuntos dessa natureza, num mundo tão polarizado politicamente, onde todos os temas políticos não-partidários e não relacionados aos pleitos ou mandatos para o executivo ou legislativo são sempre compreendidos dentro desse contexto, e não como discussão cidadã e consciente sobre fatos que afetam a todos de igual forma”.
A percepção de que a educação em sustentabilidade passa pelo espectro político também é compartilhada pelo pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira. Para ele, é preciso que o aluno entenda que a sustentabilidade também mexe com os aspectos sociais, como qualidade de vida e bem-estar, desenvolvimento social e econômico. O docente explica que a sustentabilidade vai além de preservar os recursos naturais.
“Eu digo que é uma questão muito mais que multidisciplinar, mas também interdisciplinar e transdisciplinar, porque a sustentabilidade engloba várias disciplinas, áreas do conhecimento, habilidades e competências”, explica o pedagogo.
A reação dos alunos
Para além da estranha dualidade entre o iminente colapso climático e o negacionismo como tendência política, os educadores têm em essa sala de aula os tradicionais desafios de educar para diferentes níveis de idade, ao mesmo tempo que lutam para inserir a educação em sustentabilidade no cotidiano do aluno, já que se não houver essa proximidade, não há criação de consciência ambiental, muito menos o desenvolvimento de qualquer ação prática em resposta ao problema.
Além disso, os educadores também estão na linha de frente desse processo civilizatório, e há muita vulnerabilidade nessa função. Nos últimos anos, muitos professores foram confrontados em sala por estudantes e pais ávidos por controle de pautas educacionais e acusações infundadas de doutrinação ideológica. Essas questões elevam ainda mais a responsabilidade educacional das instituições de ensino, que precisam conter em seus planejamentos pedagógicos tanto ferramentas de contenção e proteção de seus educadores quanto dinâmicas educativas capazes de superar esses desafios.
O professor Rafael Moreira explica que é fundamental que as instituições de ensino tenham foco em inserir a educação em sustentabilidade de uma maneira integrada às pautas em geral, e não somente em momentos e campanhas específicas. Na visão dele, isso desperta no aluno a ideia de que a questão ambiental é um tópico disperso de outros assuntos, quando na realidade ela deve estar inserida nos mais diversos nichos sociais.
“Eu penso que nós como educadores temos que deixar de abordar esse tema só como se fosse um projeto em específico. A sustentabilidade deve estar atrelada à educação de forma constante, não só como currículo base, mas também como atividades diversificadas como projetos de extensão, orientações em contextos de estágio e trabalho de conclusão de curso, por exemplo. O que percebo é que para além da emergência climática, há hoje práticas isoladas, somente quando há provocativas, e precisamos evoluir com relação a isso”, aponta.
Para ele, essa visão isolada de sustentabilidade como projeto faz com que a escola não aborde a questão ambiental de forma contínua e suficiente para mudar a realidade da maneira como necessitamos. Ao contrário: ela acaba confinada a exercícios e campanhas específicas. Assim, é necessário fazer com que a educação em sustentabilidade seja mais visível, para que os alunos entendam de uma vez por todas que a consciência ambiental precisa estar presente de forma generalizada nas ações e planejamentos cotidianos.
Esse pensamento do docente está bastante atrelado à base teórica dos pilares da sustentabilidade. Criada em 1994 pelo sociólogo e consultor John Elkington, essa visão argumenta que, para que seja alcançada a sustentabilidade, é preciso olhar, para além da questão ambiental, também os pilares sociais e econômicos. Em outras palavras, a sustentabilidade não pode ser alcançada sem que haja igualdade de recursos, bem-estar social, educação de qualidade para todos, e também o correto cuidado com a economia.
John Elkington também explica, por meio de várias obras lançadas na década de 90, que não há antagonismo entre sustentabilidade e economia, ou seja, não é preciso abrir mão dos recursos financeiros para que se cuide dos recursos naturais. Pelo contrário: elas podem e devem andar juntas. Isso porque sem o devido cuidado com a economia, não há a justiça social necessária para que se crie um ambiente estável para as práticas sustentáveis. Ao mesmo tempo, sem o devido cuidado com a natureza, os prejuízos financeiros são inevitáveis, mais cedo ou mais tarde.
Essa visão colabora fortemente com a discussão de preservação da floresta amazônica, por exemplo, já que grande parte dos agentes do desmatamento são grileiros que se aproveitam da vulnerabilidade social dos habitantes da região para colocar a floresta abaixo. Por outro lado, o uso ostensivo das regiões desmatadas para a agricultura também não traz avanços econômicos duradouros e significativos, já que as terras não são apropriadas para o plantio, e acabam inutilizadas em pouco tempo.
Mas se a floresta estiver de pé, há condições suficientes para que sejam colocadas em prática atividades econômicas que tragam prosperidade aos moradores, sem que seja necessário destruir o bioma. No caso da região amazônica, a produção ecológica de açaí, cacau e o extrativismo da castanha do Pará são exemplos de como se pode movimentar milhões e trazer estabilidade financeira a muitas famílias da região sem qualquer prejuízo ambiental.
Para a professora Lilian Regina, trazer essa consciência aos alunos é um dos maiores desafios da sua docência, já que na região onde atua o agro é muito forte. Ela explica que toda conversa sobre sustentabilidade acaba encontrando resistência da base do agronegócio em função da ignorância de líderes da área sobre o tema. Por isso, aponta que a educação em sustentabilidade passa inevitavelmente pela economia, sociedade e ambiente, e não somente pela questão ambiental divorciada de todos os fatores que a constroem.
A docente ainda destaca que não é possível se distanciar das discussões políticas e sociais para discutir o tema. “Esse é o ponto mais delicado. Por isso, trabalho esse conteúdo com amparo legal e suas aplicações. Há reflexões sobre ética ambiental, consumo desenfreado, o conceito de sustentabilidade, crise ambiental, como também políticas ambientais, com foco nas ações do estado e na participação da sociedade comum”.
Lilian explica que há, inicialmente, um estranhamento por parte dos alunos quando se aborda a proximidade da educação em sustentabilidade com política e sociedade, já que na visão inicial deles, o tema deveria ser tratado somente com ideias e projetos pontuais. Mas conforme o diálogo vai caminhando, surge a percepção de que essas ações apenas protelam discussões mais amplas.
“Os alunos não costumam reagir bem se não começarmos pisando em ovos e com toda a narrativa pronta para direcioná-los a reflexão sobre os fatos. Creio que este trabalho necessite de ações contínuas desde a base até o ensino superior. Só assim a educação em sustentabilidade será efetiva”.
(Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação do Ecossistema BRAS Educacional)
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